Goiás, Goiás, estou distante, mas a saudade dói demais

Recapitulando... 
“O projeto” ao qual me refiro diversas vezes trata-se da implantação das Escolas em tempo Integral. O Instituto de Corresponsabilidade pela Educação – ICE*, que é uma entidade sem fins econômicos que foi criado em 2003 por um grupo de empresários motivados a conceber um novo modelo de escola e resgatar o padrão de excelência do então decadente e secular Ginásio Pernambucano, localizado em Recife. O projeto se estendeu pelo país e busca a implantação de um Ensino público de qualidade, colocando o jovem e seu projeto de vida como centro da escola e incentivando-o a se tornar protagonista da sua própria vida.
O trabalho que nós, Jovens Protagonistas, realizamos é o acolhimento dos novos estudantes em que a gente pode compartilhar nossa experiência enquanto aluno egresso. 
Eu sou fruto desse modelo. Eu acredito que a Educação é uma forma de mudar o mundo.
                                                                              (...)


Quase um mês após a formação em Recife recebi o primeiro convite para viajar para Posse-Goiás, uma cidadezinha na divisa com a Bahia.
 Todos meus amigos (da formação)foram chamados para viajar também, mas para cidades e/ou estados diferentes. E para melhorar, meu voo não foi comprado para Goiânia, mas sim para Brasília, o que me deu a oportunidade de encontrar/conhecer um antigo amigo, mas isso é assunto para um outro post, talvez para outro blog, rs.

Do grupo, meu voo foi o último a sair, fiquei horas no aeroporto esperando conhecer os dois desconhecidos que iriam pra Posse comigo.  Nesse intervalo fiquei auxiliando e ajudando quem provavelmente estava mais preocupada do que eu. Acabei por fim conhecendo no aeroporto os meus dois parceiros da semana, que assim como eu não faziam ideia do que nos aguardava.
 Mas para a história ser mais a minha cara... na fila de despache das malas conheci e conversei com um menino que também estava indo para Goiás e fomos almoçar. Por algum motivo nosso voo foi antecipado 20 min e quase perdemos, mas essa não seria a primeira vez...
De Brasília para Posse foram quase 4h de viagem de uma estrada perigosa e estreita, mas um bom tempo para nós três nos conhecermos melhor e saber um pouco mais da vida um do outro.
Chegamos no hotel e eu tive minha primeira surpresa: trabalharíamos com mais dez jovens protagonistas goianos, daí você já começa a imaginar que essa semana seria muito mais do que eu imaginei.
No CEPI(como são chamadas as escolas em tempo integral de Goiás) fomos muito bem recebidos.  Todos assim como nós, ansiosos por essa semana de transformações. Até proposta de emprego recebi. Deveria ter ficado em Goiás? Não saberemos. 
Geralmente trabalhamos individualmente em sala, mas com a quantidade de protagonistas trabalhamos em trio. Logo pude descobrir que isso foi umas das melhores coisas da semana.
Logo chegaram os novos estudantes, e a apresentação falando que éramos de longe causava um impacto diferente em todos que ouviam. Decidi usar isso como forma de aproximação, porque como podem imaginar, meu sotaque arrastado foi motivo de risos e imitações. 
Não vou falar do processo, nem das dinâmicas, nem das dificuldades. Quero me ater a falar das pessoas. Que turma! De cara já notei protagonistas e pessoas que queria ter como amigos, hahaha. O primeiro abraço que recebi de um estudante quando o sinal tocou (igual a uma ambulância quando sai no trânsito cortando caminho) me fez desejar que o dia logo amanhecesse para eu poder estar lá de novo. P.S.: Se você estiver lendo, sabe que o abraço foi seu. 
Saber que algo que você falou, ou viveu serve de inspiração pra alguém é mágico, não consigo descrever. 
Os dias que seguiram vieram cheios de surpresas.  Me permitiu chegar perto de todos e conversar. Conhecer algumas histórias, desmistificar a ideia hierárquica que às vezes é construída em sala de aula e conhecer realidades tão singulares, muitas vezes sofridas, muitas vezes escondida atrás de um sorriso largo. Eu poderia escrever pelo menos mais umas três páginas descrevendo a semana, mas seria abandonada na metade da leitura.
                                                                             (...)
A semana trouxe pra mim aprendizados que eu não consigo pensar de que outra forma eu conseguiria.  Me fez voltar pra casa desejando ser uma pessoa melhor, embora em algum momento desejando não voltar tão cedo. Por quê? Ah, isso eu ainda não contei. Levei de Pernambuco dois desconhecidos que hoje torço por novos reencontros, duas pessoas com a calma que me falta, com quem pude aprender mais do que eles imaginam. Além deles, um grupão de goianos, ÔH, GOIANIA! Que povo bão. Goiano é ligado no 220, não tem dia ruim, não tem tristeza, só alegria. Me emocionei com histórias, me inspirei, me senti acolhida. Conheci pessoinhas que queria ter trazido na mala. Ah, chorei desesperadamente ao me despedir de quem se tornou especial demais para eu querer dizer tchau, depois de ter chorado a semana inteira de orgulho, de alegria, mais do que a vida inteira.  Logo eu, demonstrando sentimento em público.
Trouxe Goiás no meu coração. Junto com umas dezenas de pessoas que estão em minhas orações. Trouxe o amor, a alegria, o talento, o sertanejo, os sonhos, e os sorrisos comigo. Só não trouxe o pequi, porque é ruim demais! kkkkkk
Aguardo ansiosamente nosso reencontro, que como já sabem:
 “se a gente não se encontrar mais aqui, a gente vai se encontrar no topo, porque o topo é o nosso lugar”.
TCHAU, BRIGADO!

P.S. Para me aventurar nessa semana, acabei abrindo mão da festa de aniversário da minha mãe, que eu e minha irmã planejamos durante semanas e inéditamente conseguimos reunir a família inteira. É, nessa foto histórica eu não estava fisicamente presente. Confesso que o choro da semana começou bem antes do que revelei.

* Na página inicial você encontra um link que te leva pra página do ICE que explica tudo direitinho.

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