Perceber leva uma vida inteira

 Olá, leitores!

Para um ano atípico: três publicações.

Dessa vez sem piadinhas, sem brincadeiras.


Nesse momento de quase completa privação do mundo, a gente foi empurrado a se voltar para os nossos pensamentos. Isso para alguns é sinônimo de sofrimento, para outros, é o que mantém tudo funcionando.

Creio que os últimos meses tenha formado novos leitores, músicos, escritores, poetas, políticos e cientistas. A falta de contato com o mundo exterior fez a gente mergulhar no que dá pra fazer sozinho e rememorar nossas eternidades, além de fincá-las.

Acho que tudo que sobrou foram as eternidades. Explico!

Citando Adélia Prado, que diz que tudo que a memória ama fica eterno, acredito que nós trazemos conosco tudo que nos tocou durante a vida. As pessoas, as histórias, os momentos, os lugares, as canções, tudo que constitui cada pedacinho do que somos hoje, tem um espaço de importância no nosso passado. A sua primeira professora, o primeiro lugar que você viajou, a primeira pessoa que você gostou, aquela música que marcou uma amizade... essas coisas não estão no seu presente, mas nunca deixarão de estar com você. São suas eternidades. 

Existem também as eternidades que te levam a lugares interiores que você não gosta de visitar. Lugares que machucam, que não te dão respostas, que você gostaria de esquecer. Mas tem como? Talvez a psicologia diga que sim, e quem sou eu pra discordar né? Maas o que posso dizer é que existem eternidades que são vazios e que não serão preenchidos, porque eles são eternidades. E a gente leva a vida inteira para perceber que eles precisavam estar ali. Eu não estou falando necessariamente de coisas tristes, traumas, faltas. Estou falando de vazios. Aquilo que poderia não ter sido e do que poderia ser e não foi. 

E a gente vai andar em círculos, vai se questionar, vai chorar, vai sofrer, vai esconder, vai brigar, se revoltar, e eles vão continuar ali, intactos; eternos. Não há como voltar atrás. E sim, eu acredito que a gente pode ressignificar todas as coisas, mas aquilo que é, sempre será, nem adianta espernear.

Caro leitor, espero que não esteja chateado comigo, ou lendo com olhos de tristeza, o que eu quero aqui é justamente o oposto, só quero refletir que é importante aprender a conviver com as nossas eternidades porque elas estarão com a gente pra sempre, e pra sempre é tempo pra caramba. 


Até!


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