Paisagem da Janela


O twitter colocou na minha cabeça que estamos nos últimos dias dessa DÉCADA e agora eu só consigo pensar nisso.

Eu nunca gostei de fazer planos pro ano seguinte, mas ultimamente tenho feito como uma forma de fixar responsabilidades/desejos. Eu substituo a lista de planos por uma lista das coisas que fiz pela primeira vez no ano, isso me deixa bem mais animada. É muito bom perceber que mesmo o tempo passando sempre tem alguma coisa que ainda te emocione. Eu sei, às vezes falo como se tivesse 90 anos, mas é como me sinto as vezes também.
Mas fazer uma lista de primeiras vezes da década é demais né? Eu iniciei a década na transição Ensino Médio-Universidade, então a minha vida de ~verdade~ foi vivida nesta década, teria coisa demais para listar. 
Pensar sobre isso me fez lembrar quais eram os meus sonhos lá em 2010, e sabe o que é mais legal? Esse ano eu realizei um sonho de 10 anos. Sabe qual foi?


Eu conheci Ouro Preto!


No ensino médio eu sonhava em viver em uma república (igual na novela coração de estudante) e alimentei essa esperança por muitos anos. Na graduação, em 2013, tivemos a oportunidade de ir para um congresso na UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto), mas acabamos não conseguindo transporte da universidade e foi tudo por água abaixo. Depois disso tornei esse sonho uma coisa distante, já estava terminando a graduação e algumas coisas já não faziam mais tanto sentido. 

Esse ano, quando eu menos esperava fui chamada para uma ação em Minas.
Viajei para lá com o coração transbordando de felicidade. Milton, Lô Borges, Samuel Rosa, Flávio Venturini, Beto Guedes, sempre me trouxeram a sensação de que Minas era um lugar mágico e eu queria viver tudo isso. Além disso, estava indo atuar em uma ação que eu queria há muito tempo. Passei a semana em BH e não tinha a menor pretensão de ir a Ouro Preto, por ser longe e por eu estar praticamente sozinha. Já tinha planejado ir pra Brumadinho no final de semana, conhecer o museu que está ajudando na reconstrução da cidade, mas aí as meninas decidiram ir pra Ouro Preto (se você ainda não acredita em anjos, eu acho melhor você começar a olhar para as pessoas que Deus coloca na sua vida). Eu nem acreditei. Até hesitei em ir. Explico por que: com o tempo, esse sonho também se tornou da minha irmã e fizemos muitos planos de viajar juntas, eu não imaginava naquele momento ir lá sem ela. Ainda assim, no fundo eu sabia que oportunidades como essa não se perde. Decidi ir.
Não criei nenhum tipo de expectativa e acordei no domingo de manhã fingindo costume. Eu já estava em outra cidade e precisei ir pra BH de ônibus, uma aventura as 6h da manhã. Saímos cedo e cada placa no caminho indicando quantos km faltavam pra chegar, fazia meu coração acelerar mais ainda. 



Ao chegar na cidade histórica, várias cenas, pessoas e músicas, passavam na minha cabeça e eu só conseguia chorar. As meninas não estavam entendendo nada, e toda vez que eu tentava pensar em algo simples pra falar, eu chorava mais ainda. Eu não estava acreditando que aquilo estava acontecendo. Eu não conseguiria explicar a sensação, mas é algo que todo mundo deveria sentir. Eu estava sentindo muitas coisas ao mesmo tempo,  tinha felicidade, um pouco de tristeza por minha irmã não estar lá, misturada com uma sensação de egoísmo, tudo isso dentro de uma memória de 10 anos de expectativa. Sabe quando você quer tanto uma coisa que por um momento você acha que nunca vai acontecer? E de repente estava eu ali, e diante dos meus olhos estavam todas as coisas que eu tinha imaginado, e era ainda melhor.


Visitamos igrejas, museus, cafés, e teve música, teve cor, teve cheiro, teve tudo que eu sempre imaginei.  Eu precisaria de um post só para falar da viagem, mas não é o objetivo desse aqui.

Sabe o que eu falei lá no inicio deste texto? talvez tenha sido este o acontecimento da década. 
Nesses dez anos eu entrei na universidade, fiz amigos, viajei pela primeira vez, fui ao cinema, ao estádio, aprendi a tocar, me formei, fui pro mestrado,  morei em Recife, viajei o Brasil, saí do país, conheci e aprendi com gente de todos os lugares, passei no doutorado, fui a shows, conheci artistas que admiro, me emocionei, ri, e este é o acontecimento da década? Sim! Ele me fala sobre sonhos. 

Sabe o que o que eu fui fazer em MG? Exatamente! Eu fui falar sobre sonhos, e de brinde realizei alguns. O meu discurso não seria tão verdadeiro se eu não tivesse dentro de mim todos os sonhos do mundo. Eu aprendo a cada dia que não dá pra deixar de viver no seu mundo de maravilhas, só porque para os outros é absurdo.
Ouro Preto pra mim não é só uma cidade, é uma história, é a minha vida, mesmo sem ser. Eu alimentei um modo de vida nos meus sonhos, algo que parecia que nunca ia acontecer. Eu não fui estudar lá, nem morei em uma república na graduação com as minhas amigas, esse sonho não era delas. As coisas não saíram da forma que eu planejei, elas foram melhores, e aconteceram no seu tempo. A Jessica de 2010 não acreditaria nas coisas que eu vivi essa década, a de 2019 às vezes duvida.
Eu queria dizer duas coisas. A primeira:




E a segunda é que eu fui a Ouro Preto. Demorou dez anos!!! Mas eu estava lá quando eu menos esperei. Eu não fui estudar, mas fui falar sobre a educação que transforma. E sobre morar com as amigas? agora eu moro com duas que eu amo, na nossa "república" e no apartamento, da janela lateral eu vejo uma igreja, um sinal de glória.  

Até! 

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